A disputa global pela próxima grande revolução tecnológica deixou de ser ficção científica: interfaces cérebro–computador implantáveis (BCI) já são realidade clínica — com humanos controlando computadores, jogos e até braços robóticos usando apenas o pensamento.
De um lado está a americana Neuralink, de Elon Musk. Do outro, a chinesa Shanghai StairMed Technology, startup fundada em 2021 e já apontada por pesquisadores como a rival mais forte da empresa dos EUA.
O que isso significa para o futuro da medicina, da acessibilidade e até da interação humana com as máquinas? A CPlay mergulhou nas duas pesquisas e reuniu tudo o que sabemos até agora.
O que é a StairMed — e por que a China aposta pesado nela
Fundada em Xangai em 2021, a Shanghai StairMed Technology se tornou, em poucos anos, o principal nome da China no setor de BCI invasiva. A empresa recebeu uma rodada de investimento de 350 milhões de yuans (cerca de US$ 48 milhões), segundo veículos chineses especializados em tecnologia e saúde. Hoje, ela é citada por centros de neuroengenharia como a empresa chinesa mais avançada em implantes neurais.
Seu dispositivo é um pequeno disco de 26 mm de diâmetro e menos de 6 mm de espessura, implantado no crânio. Ele usa eletrodos ultraflexíveis, 100 vezes mais finos que um fio de cabelo — conceito pensado para reduzir inflamações, aumentar a biocompatibilidade e permitir uso prolongado sem danos ao tecido cerebral.
A cirurgia é descrita como minimamente invasiva, com uma abertura menor que a de outros modelos tradicionais. A promessa: estabilidade a longo prazo, tempo de recuperação menor e segurança superior.
Resultados divulgados: um paciente tetramputado que joga jogos com a mente
Em março de 2025, a StairMed divulgou que um paciente amputado de todos os membros conseguiu, após 2 a 3 semanas de treinamento:
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controlar um cursor de computador,
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jogar xadrez,
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jogar games de corrida,
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operar interfaces gráficas apenas com o pensamento.
Esse caso ganhou destaque em portais de tecnologia, reforçando que a China se tornou o segundo país, depois dos EUA, a demonstrar um BCI implantável funcionando em humanos com resultados funcionais públicos.
Link para a página da empresa(em inglês):
Neuralink: a corrida pioneira dos EUA rumo ao cérebro digital
Do outro lado do planeta, a Neuralink, fundada em 2016 por Elon Musk, domina as manchetes e carrega o título de pioneira moderna dos chips cerebrais.
Seu implante — também um disco que substitui um pedaço do crânio — usa milhares de eletrodos ultrafinos inseridos por um robô cirurgião, criado para reduzir danos durante a implantação. A contagem alta de canais permite capturar sinais neurais em altíssima resolução.
Avanços clínicos: pacientes usando o chip no dia a dia
A partir de 2024, pacientes nos EUA, Canadá e Reino Unido passaram a utilizar o chip da Neuralink para:
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mover um cursor com o pensamento,
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escrever textos,
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jogar videogames,
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navegar em redes sociais,
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controlar braços robóticos experimentais.
Relatórios recentes indicam uso diário em casa, com milhares de horas acumuladas — uma vantagem de maturidade operacional em relação às concorrentes globais.
Link para a página da empresa(em inglês):
StairMed vs. Neuralink: dois caminhos diferentes para o mesmo futuro
1. Cirurgia e formato do implante
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Neuralink: foca em densidade máxima de dados com um robô que insere fios ultrafinos profundamente no córtex.
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StairMed: prioriza menor invasividade e flexibilidade, com eletrodos leves e muito finos integrados a uma placa menor.
2. Filosofia tecnológica
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Neuralink quer a “internet da mente”: velocidade, alta resolução e controle avançado.
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StairMed aposta em estabilidade, segurança e maior facilidade de adoção na área médica.
3. Território regulatório
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Neuralink opera sob FDA, Health Canada e reguladores europeus — processo rígido, lento e altamente auditado.
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StairMed cresce dentro de um ecossistema chinês que incentiva inovações médicas de fronteira com menos burocracia e mais investimento direto.
O que isso significa para o futuro?
Pela primeira vez na história moderna, dois países disputam diretamente a liderança em tecnologia de interface neural — uma área que pode redefinir:
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acessibilidade para pessoas com paralisia,
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restauração de fala e audição,
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reabilitação pós-AVC,
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controle de próteses avançadas,
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smart homes controladas por pensamento,
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computadores sem teclado ou mouse.
Pesquisadores dos dois lados apontam que, nos próximos anos, veremos aplicações comerciais para:
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comunicação assistida,
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fisioterapia gamificada,
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controle de dispositivos domésticos,
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e até entretenimento mental — jogos, vídeos e interfaces navegáveis pela intenção.
O papel do ecossistema digital: onde empresas como a CPlay entram
Enquanto StairMed e Neuralink disputam o hardware e a cirurgia, o verdadeiro mundo de oportunidades está no software:
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interfaces fáceis de usar por pessoas com BCI,
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dashboards médicos para reabilitação,
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plataformas de conteúdo inclusivo (vídeo, rádio, notícias),
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apps controlados por mente para ambientes educacionais e corporativos,
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integração com IoT, mobilidade e dispositivos wearables.
A era do conteúdo “BCI-ready” já começou — e empresas de mídia, tecnologia e comunicação serão peças chave na transição.
A mente como nova plataforma digital
A China aposta na StairMed. Os EUA apostam na Neuralink.
O mundo aposta que, em uma década, vamos olhar para 2025 como o ano em que a tecnologia mental deixou de ser ficção e entrou no consultório.
Estamos diante da maior mudança da computação desde os smartphones — e, possivelmente, da maior mudança da interação humana desde o computador pessoal.


